Atenção: NÃO EXISTE opção vitalícia para fluido de câmbio automático no Brasil
Já ouviu falar em fluido de câmbio automático vitalício – que não precisa ser trocado? Fruto de muita polêmica, essa nomenclatura utilizada por muitas montadoras tem levado milhões de condutores a precisar fazer reparos em câmbios automáticos ainda com baixa quilometragem.
Para você entender direitinho esse conceito, convidamos nosso parceiro Donofre, do canal de YouTube Tração Positiva dará uma verdadeira aula – trazendo preciosas informações e dicas para você. Vamos aprender?
Confira esse conteúdo sobre fluido de câmbio automático em vídeo
Para entender melhor sobre tudo que falamos aqui, confira também esse mesmo conteúdo sendo explicado em vídeo-aula e beneficie-se com toda a didática do professor Donofre!
A Polêmica do Fluido de câmbio automático Vitalício
Muitas montadoras de veículos com fluido de câmbio automático o consideram vitalício. Porém, o importante complemento que fica de fora dessa pergunta – e que faz toda a diferença – é: em que país?
Consideremos, em primeiro plano, que a maioria das caixas automáticas são fabricadas fora do Brasil, em ambientes climáticos muito diferentes dos nossos. A maioria delas são projetadas para operar perfeitamente em seus países de origem, sendo eles principalmente: Alemanha, Japão e Estados Unidos.
Em todos esses lugares, as temperaturas médias são bem mais baixas que no nosso delicioso clima tropical. Mesmo sem considerar estudos detalhados, seguramente podemos afirmar que em todos os 12 meses do ano as temperaturas do Brasil são mais quentes que em cada um desses lugares.
Por mais que consideremos o Sul do Brasil, região mais gelada do país, ainda assim nossas temperaturas são mais altas que a temperatura média dos países de origem dessas dessas caixas automáticas.
Em diferentes climas, diferentes comportamentos do fluido de câmbio automático
No que tange fluido de cambio automático, em diferentes temperaturas, há diferentes preocupações. Muitas vezes, na Alemanha, por exemplo, o cuidado é para que o fluido não congele dentro de uma caixa automática. Por isso, dentro dessa caixa são adicionados vários aditivos anticongelantes.
Aqui no Brasil, por outro lado, é comum usarmos o aditivo do líquido de arrefecimento antipoluente, para que ele não entre em ebulição – de tão quente que nosso país é.
Não significa que nos câmbios da Alemanha também não sejam usados os fluidos arrefecimento. Mas são pacotes diferentes de ativação.
Por que as montadoras se preocupam pouco em alertar sobre os cuidados com o fluido de câmbio automático?
Então vamos entender isso. E por que, então, que as montadoras muitas vezes dizem que o fluido é vitalício, mesmo sabendo que há milhões de condutores em países com condições climáticas tão diferentes das do país de origem desses câmbios?
Os países onde os câmbios são projetados são, na maioria, desenvolvidos. Por isso, há facilidades, como fácil acesso e baixo custo para a troca do câmbio inteiro. Deu problema? A troca é fácil e barata.
Já aqui no Brasil não é bem assim. A escassez no acesso às peças ainda é um grande gargalo para a manutenção de câmbios automáticos: seja ela preventiva ou corretiva.
E esse cenário piorou após a pandemia, pois a falta de matéria prima aumentou ainda mais ainda o custo dos kits de reparo. O próprio fluido está mais caro, encarecendo, por isso o custo médio deste reparo.
Então, é natural que lá nas montadoras eles não atentem à especificidade do contexto econômico do nosso país, e digam que o fluido é vitalício como argumento de venda. Assim, liberam o condutor desse custo de manutenção que, embora esteja mais alto, é fundamental para a saúde de um veículo com câmbio automático aqui no Brasil.
O caso do Lada
Existe um carro soviético que entrou em linha no Brasil há uns anos atrás entrou em linha no Brasil – o Lada. Havia dois modelos: o Lada Laika e o Lada a Niva. Trabalhei fazendo manutenção nesses dois veículos.
Esse carro que dava muito aquecimento no país, porque a bitola das mangueiras do sistema de arrefecimento tinham diâmetro pequeno demais. E sabe por quê?
Porque ele foi projetado para um lugar frio e não havia sido tropicalizado para o nosso país. E você consegue imaginar a literatura técnica disso, né?
Boa prática na troca de fluido de câmbio automático
No último vídeo publicado aqui neste quadro eu trouxe para vocês o que realmente acontece no chão da oficina. Por meio de estudo e análise de muitos, mas muitos câmbios em que fizemos manutenção, identificamos essa boa prática:
Realizar a troca do óleo do câmbio automático entre 35 mil km a 50 mil kms rodados
Neste caso, a melhor nomenclatura seria…
Nesta publicação, você conseguiu entender porque muitas montadoras estão equivocadas ao dizer que o fluido de câmbio automático é vitalício.
Há outras montadoras, no entanto, que foram mais felizes na nomeação dos seus fluidos, chamando-os de long life. E consideramos essa a melhor definição. Porque sim: eles possuem uma vida linga – mas não eterna. Sobretudo no Brasil, todo fluido precisa ser trocado.
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Sobre o autor
Donofre é reparador, instrutor e estudioso de transmissões automáticas, com mais de 20 anos de expertise no segmento. Há 6 anos criou seu canal no YouTube, chamado Tração Positiva, onde produz e compartilha muito conteúdo de qualidade sobre cuidados e reparos com câmbios automáticos.